
Que chamam de vida, percebi que não vivi. Não aproveitei o sol, que a meus olhos, o os molestava, nem a lua dos românticos, que nunca chegaram a ver um romantismo meu. Torciam tanto por mim. Curvo sento eu debaixo da minha sombra, fazendo buracos pelo chão barroso de minha imaginação. Coço a cabeça tentando lembrar a canção inacabada de Dostoeiévski, diziam que era a sua obra prima. Me sujando ao me deitar no barro, criei consciência do que as vozes me diziam: "Não se mate!". Pois bem, nunca quis eu morrer, apenas... não queria continuar a viver. Apenas. A incipiência latejando dentro dos ouvidos, martelava a memoria do amor. Pena que somente martelou a mim. O amor uni-lateral é um mero figurante a procura de outro para se transformar em protagonista. Meu espetáculo nunca abriu as cortinas. A cara metade esqueceu. Esque-céu.