20070213

No pequeno obséquio


Que chamam de vida, percebi que não vivi. Não aproveitei o sol, que a meus olhos, o os molestava, nem a lua dos românticos, que nunca chegaram a ver um romantismo meu. Torciam tanto por mim. Curvo sento eu debaixo da minha sombra, fazendo buracos pelo chão barroso de minha imaginação. Coço a cabeça tentando lembrar a canção inacabada de Dostoeiévski, diziam que era a sua obra prima. Me sujando ao me deitar no barro, criei consciência do que as vozes me diziam: "Não se mate!". Pois bem, nunca quis eu morrer, apenas... não queria continuar a viver. Apenas. A incipiência latejando dentro dos ouvidos, martelava a memoria do amor. Pena que somente martelou a mim. O amor uni-lateral é um mero figurante a procura de outro para se transformar em protagonista. Meu espetáculo nunca abriu as cortinas. A cara metade esqueceu. Esque-céu.

(aaa.)


Paixão é um drama
de amor eterno
mas o amor é uma chama
de paixão eterna
que nunca apagará

20070206

pensamentos subvertidos

Ele estava todo gostoso dentro de seu pijama e usando charmosamente um cachecól. 1999. Todos os algarismo desse número vão mudar nos próximos minutos, mas alguem não presenciará isso. Já tinham acendido os fogos na praia e estouravam magicalmente no céu. Algo tão emocionante era compartido com os demais da festa. Milhares de pessoas, mas apenas um casal me interessava. Alguem que eu amo, outro que eu invejo. Apenas observo os amores e imagino como seria se fosse eu. Muito me engano nesse pensamento, sabendo eu já há muito tempo que não sei aproveitar o que tenho nem o que terei ou teria. Ao longo dos meus devaneios, acabei por aproximar do casal. Cheravam bem, até que passei a minha navalha cortando pela garganta do moço. Disse ainda: "Invejo até a sua morte."