20050427

Sound of silence

Na confluência do amor;
Tão tranqüilo, a paz
Das flores brotando,
Do sol queimando sem dor,
Beijo entre menina e rapaz,
Peixes brilhantes nadando,
E na água, o reflexo, uma refração,
De um mundo que poderia,
mas não existe.
O sonho de uma noite de verão.
Mas que lindo esse seria,
o eco do silêncio.

medo.

Aonde foram os jovens que querem mudar o mundo? Aonde estão aqueles que enfretam tanques de guerra sozinhos na China, os que fazem passeatas a favor da democracia, correntes humanas contra os efeitos nocívos das usinas nucleares? Cresceram, aprenderam e ensinaram que não serve para nada tais ações. (Se viraram para dentro, pois hoje é chique ser egoista e prepotente.) Descobriram que todos somos samaritanos, quanto mais se tenta ajudar mais se é sugado pelos mal-agradecidos. A cultura do mêdo, comparada com a da paz, é muito mais eficiente... o temor é a maior forma de criar obediência, de tal forma que o terror está tão disseminado que nem percebemos que nós que criamos esse medo, essa temência que criticamos. Prescisamos do medo, sem ele a nossa prepotência iria criar proporções enormes que não poderiam ser controladas e nos auto-destruir. Viva o medo! Ou seríamos mais felizes se a nossa sagacidade, sadismo fossem respeitados plenamente à custa de nossas vídas?

20050423

Sucesso

"Nothing is more humiliating than to see idiots succeed in enterprises we have failed in." - Gustave Flaubert

Engraçado, quando o sucesso é alcançado, todo fracasso é esquecido. Toda miséria vira piada, historinha para se dar risada e realçar o próprio sucesso. Fingem que o sofrimento é bom, uma boa causa, que se não fosse pelo sofrimento não seriam o que são. Ao mesmo tempo, condenam o que eram, ou melhor, condenam os que não conseguiram o mesmo que eles, condenam o passado. Pensamento um tanto mesquinho, talvez, de julgar os bem-sucedidos com suas "grandes" vitórias e o exalto das mesmas. O ponto não é esse. Mas sim, aonde ficaram os que não tem mais forças para se erguer depois da queda? O que varerá a miseria visceral, pegajosa, viscosa que ataca e não desgruda? Não importa o que se atinge, sempre se é... miseravel.

chambinho

Espalho letras
por um papel.
Elas em palavras
se transformam.
Frases montam,
textos constroem.
Expõe ideas,
criam pensamentos
quebram para
digmas, limpam a alma,
xingam, provocam,
mentem, dóceis são,
tão melosas....

20050422

Nostalgia

Um garoto, com roupa de gala, se senta no banco da rua. Apoia os braços em sua perna. A sombra da noite está clara como o dia. O frio é gostoso, assim como sorvete. Retira um pacote de cigarros baratos e pega um cigarro e o acende. Dá uma primeira tragada e guarda o pacote e o isqueiro. Inspira com força e solta a fumaça. Ele se esparama pelo banco e observa a fumaça. Tão esparça e tão livre. "Que noite!" - diz ele em voz alta, embora não há ninguem para ouvi-lo. Uma leve risada, baixinha quase inaudível e um sorriso maroto acompanham a fala. Palpebras meio fechadas, dando um ar de sonho e uma atmosfera de nostalgia. O menino analisa a sua roupa, ve algumas manchas em sua camisa e rí. A roupa fede a alcool e cigarro, percebe ele. Ele coloca sua cabeça em sua mão e olha para o céu estrelado como se um cometa fosse passar logo logo. O sorriso maroto dá lugar para várias risadas, risadinhas e risadões. A sua solidão é tão linda. Olha rapidamente seu relógio de pulso e vê que já se passaram das cinco da manhã e que pode amanhacer a qualquer momento. Levanta-se do banco e assim como um vampiro, fugindo da luz, começar a andar depressa(Engraçado que ele não corre... por que?) para o parque. Avista várias bancas de jornal abrindo e seus periódicos, empilhados, com a notícia estampada "Será hoje o dia do julgamento final?!" A novidade não é relevante para o garoto que continua em passo largo. Engraçado como em seu estado ele chega tão rapidamente, ou melhor, como em seu estado consegue encontrar o seu destino! Enfim, ao chegar no parque, o sol começava a raiar, cegando todos com sua imensidão. Em meio a claridade ele avista garotos e garotas de sua idade, com roupas elegantes. Do seu lado gauche a placa "Não pise na grama" o irrita profundamente. Ele a esmaga e sorridente, caminha calmamente conforme o cantar dos canários ao encontro de seus companheiros.

The raven

"And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming.
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted---nevermore!" - Edgar Allan Poe

Hello darkness, my old friend. I´ve come to talk to you again. Last time we were so abruptly stopped. Now I have the time and the will and the anger to talk to you again. I´ve escaped from the prison I was being held in. I´m safe now, here to talk to you. The ones who are looking for me, will find nothing. I´ve evaporated from this planet and reincarnated. My shape and form are diferent from what they were before. I´m a shapeshifter. I´m happy.

20050421

Confusão cor-de-rosa

"As I was going up the stair
I met a man who wasn't there.
He wasn't there again today
I wish, I wish he'd go away."

Inspirado, depravado, vago perambulante pelas ruas numa leva brisa torrencial. Com minha garrafa meia-cheia(ou meia-vazia?) em mãos encosto-me em uma parede. Noite, durmo. Escuro como o universo sem estrelas, sem um pingo de luz. Acordo, ouço gritos, constantes mas não lineares, confusos, mas tão instigantes. À minha frente, apenas alguns trapos segurados por um barbante, na periferia, o chamariam de varal. Um dos trapos, era uma blusa feminina cor-de-rosa. Devaneio, ouço gritos. Quem usou aquela blusa? "NÃO! POR FAVOR NÃO!" voz provocante, apimentada... não sou heroi. Continuo andando até a avenida principal. O chamariz iluminado pertuba-me. Volto ao beco de onde eu havia emergido. Gritos aguniantes permanecem... pavor entra em minha alma. Sento no chão, imundo, embora tenha caído agua divína há horas atrás. Abraço a mim mesmo, pois não a ninguem para tal gesto humano, gesto carinhoso casual. Frio impera e levanta os pêlos de meu corpo. Ouço alguem choramingar do outro lado, mas bem longe, uma mulher, de cor-de-rosa. Mesmo no escuro, as cores estão fortes. Inusitado! Moscas parasitas vem ao meu paraíso simbíotico mas estou irritado e mando-as embora. "Xô suas desgraças, vão comer outra presa!" e abano minha mão comforme as moscas vooam ao meu redor. A garrafa empunhada por mim já está vazia. Não a bebi, algo deve ter acontecido! As horas passam mas os ponteiros param. Momento inerte a imbecilidade da cena. Aterriso na avenida principal, de novo, mas o neon cor-de-rosa da lanchonete da esquina me acorda da embriaguez. Olhos secos e calça levemente ariada e não exatamente muito limpa, entro no restaurante barato. Procuro lugar seguro para sentar enquanto avisto uma entrada ao banheiro. Nele me alivio, mas não olho o espelho, nem de relance. Dizem que a luz do ambiente iria me enfeiar, não iria mostrar a verdade. Será?

Casual

Encontro alguem.

"Olá, tudo bem?
Sim. Claro e você?"
Quem era.....?

Schwarz

Encaro uma tela negra. É a tela do monitor, não vou ligar o computador pessoal. A luz bate na tela e reflete a imagem da pessoa a frente. Fecho os olhos, medo paira no quarto sem qualquer anúncio. Seria a porta de uma nova dimensão? Se for, fechei-a e perdi a chave... Abro os olhos, as janelas está abrindo e um leve barulho melódico é ouvido pelo meu ouvido mudo. Olá usuário.

Ovos mexidos

Sentado tranqüilamente na cadeira, a frente um prato, com ovos mexidos, o amarelo tão mais presente que o branco, que faz pensar, quem é dono do ovo? o amarelo ou eu... enfio tudo de uma vez só sem pensar, o dono do amarelo sou eu, mas ele é dono do ovo.

20050420

Ersten Post

6´o clock in the morning, I wake up in midst of the holy darkness within me. The alarm was incredibly loud tomorning for no reason, maybe. Perhaps my ears were listening to well. My eyes aren´t ready, don´t really want to open. Dizzy and not woken up yet, I stand up, try to at least. Step by step I reach the bathroom. I don´t turn the lights on. I can´t. My spheres would dry out and roll out of my skull if so. Wash up my face. Look at the mirror. What do I see? A reflex... No. A simple image, or passing images, which can´t be unterstood. Is it really me? Go back to bed. Lie down and put my head on the comfortable, yet unwelcomed, cushion. Eyes are open. Why did I go to the bathroom anyway, I wonder. Body stiff as steel I try to hybernate.
I´ve dreamt. But what did I dream? Dunno... what if I didn´t dream? Maybe, I´m dreaming right now and everything isn´t real...

20050419

" O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

Fernando Pessoa


Acho que não tenho como ser poeta. Alias, pra que ser? Se sou, não seria eu mesmo e sim uma illusão pseudo-dolorosa sem ser algo concreto nem algo abstrato. Um meio. Um fantástico nada com algo. Escrevo em versos, rimas e estrofes, mas poeta não sou... Os sentimentos são reais, sem serem conflitantes... é simples deixa-los, apenas se afastar, troca-los.

Baderna.

Não conheço ninguem que já levou porrada.
Todos os meus amgios são campeões.

Passeio pelo corredor como se não tivesse nada a fazer, pois na verdade não tenho. Finjo, como todos, ser alguem importante. Imagino-me em roupas dignas de um rei e falo alto "Há alguêm que faz jús a minha beleza?". Silêncio na casa. Ninguem responde. A imaginação não corresponde a fantásia. Colegas, colegas... não há de dentro um pensamento mais forte. Simplismente uma loucura sem roda, uma pedra encostada sem nexo dadaico. Retornando "Ninguem responde!? Estão corretos... Não há resposta!" sem querer. Hoje está um dia bonito... ensolarado, claro, porem tão escuro encoberto pela negritude humana. Deito-me, a vontade de sonha torna difícil o sono. Conforme os olhos fecham, o mundo desaparece. Acordo em meio a traveseiros e cobertas. Olho pro lado, nada, ninguem. Dor nas costas. Um leve alívio desperdiçado.


"A illusão de ter algo/alguem é explicávelmente mais doce que o concreto. Sonhar é poder muito mais que a realidade, mas, infelizmente, não se pode viver sonhando."