
Sou um bobo. Bobo que ama, embora não sabe o que amar nem o que é amar. Sentado na cafeteria, apenas observo. Suas risadas, de pernas cruzadas, comentando a vida dos outros. Leves movimentos de sua mão que entrelaça o cigarro entre os dedos, seus finos lábios exalam lentamente a fumaça enquanto olha fixamente o nada, fingindo que presta atenção a seus interlocutores, ocupantes de sua mesa. Por um minúsculo momento noto-a olhando para mim, esboçando um sorriso. Cheguei a ficar nervoso. Suas magras pernas trocavam de posição e se virou. Deixou de mostrar-me a sua face, me deixando apenas apreciar suas mexas coloridas de cabelo. Talvez fosse uma resposta prévia, ingrata para esta nota bobinha, escrita em um guarda-napo. Não devemos nos conhecer. Levantei-me e sai, partindo sem terminar meu café. Tinha um compromisso. Alguns diriam que tinha um compromisso com a vida, o turbilhão dela.
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