20050507

Não diga adeus, diga até a eternidade

"I´d love to change the world
But I don´t know what to do
....so I leave it up to you"

Um au revoir, um adeus é tão triste, deprimente. É virar a página, trocar de ares, tudo acabar a espera de um novo começo. Uma gota d´agua escapa e escorrega pelo rosto ao abrir a caixinha de lembranças, a caixinha de músiquinha com a bailarina dançando. Mas pelo menos, a cada adeus, as memórias remanescem. Memórias são como cicatrizes, marcam a pele, perfuram a alma. Todas as dores, felicidades se juntam na ponta de uma lâmina que estilhaça a pele. Ferro e epiderme se fundem e o corpo constroe uma cicatriz. Essas cicatrizes, porém, não são ruins nem necessariamente boas. Elas são criadas para não esquecer o passado, pois o que é um ser humano sem seu pretérito, sem suas raízes? Um boneco aprisionado no presente...? O tamanho das cicatrizes é o quanto uma memória significa para a pessoa, é o quanto um acontecimento, uma pessoa, uma lembrança marcou, feriu.

Há todos os tipos de cicatrizes. As das mãos que só vê quando se limpa o suor do rosto, geralmente com um sorriso. As da face, distribuídas na testa, queixo, buchecha, nariz e que só são vistas diante do reflexo de um espelho. Por último, as das costas, que são as mais dolorosas, são as apunhaladas que só são visíveis para os outros, pois prefere-se esconde-las de nós mesmos. Por isso quando envelhecer e eventualmente padecer, nunca diga adeus, pois as cicatrizes serão carregadas para a eternidade.

Aucun commentaire: